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AS VIAGENS
A viagem do neófito significa o esforço que faz um homem para adquirir seu objetivo.
Na cerimônia do primeiro grau deve o candidato realizar três viagens: a primeira está cheia de dificuldades e apresenta-se com muitos perigos e rumores.
Representa a prova da água ou domínio do corpo de desejos ou sua purificação. O guia ou Cristo interior ensina-lhe o bom e o verdadeiro e o candidato deve ser dócil a suas insinuações e instruções. A direção dessa viagem é de Ocidente para Oriente pelo lado do Norte. O Ocidente é o mundo sensível e material; é a parte inferior do corpo humano onde residem os fenômenos objetivos do universo. A Verdadeira Luz nele se acha posta como quando se põe o Sol. Acha-se velada como Isis e o Iniciado deve desvelá-la por seus esforços.
A realidade e a Luz nascem no Oriente ou cabeça do homem. É ali que brilha com todo esplendor.
A viagem começa do Ocidente quer dizer do seu conhecimento objetivo da realidade exterior. O homem se encaminha pela obscura noite do Norte em busca da Verdadeira Luz no Oriente. Não devem assustá-lo a escuridão nem as dificuldades que se encontram em seu caminho para chegar à Luz. Uma vez chegado ao Oriente, mundo da luz, não deve deter-se ali; ao contrário, deve voltar ao Ocidente com a consciência iluminada que lhe permita arrostar, com mais serenidade, as dificuldades e preconceitos do mundo, que não têm poder de desviá-lo do caminho porque purificou seu corpo de desejos e dominou suas paixões com o reconhecimento da verdade. Também tem outro significado: uma vez que o candidato se acha iluminado, não deve guardar sua iluminação para si; deve instruir e iluminar os demais que se encontram ainda no Ocidente ou mundo material.
Já se disse que a Câmara de Reflexões representa a prova da terra ou o domínio do mundo físico. A primeira viagem é o domínio do mundo de desejos.
A segunda viagem representa o triunfo sobre o corpo mental ou mundo mental.
Esta segunda viagem é mais fácil que a primeira; já não há obstáculos violentos. O esforço feito na primeira nos ensinou como superar as dificuldades que se encontram no caminho da evolução, uma vez dominados nossos desejos.
O choque de espadas que se ouve durante essa viagem o emblema das lutas que se travam em redor do iniciado. É a luta individual consigo mesmo para dominar sua mente elaboradora dos pensamentos negativos. É o segundo esforço para regrar a vida em harmonia com os Ideais elevados. É o batismo do ar praticado pelas escolas; é a negação do negativo; é a preparação para receber o Batismo de Fogo ou do Espírito Santo, ou seja, a afirmação no positivo.
O Batismo do Ar, objetivo da segunda viagem, é a purificação da mente e da imaginação de seus erros e defeitos.
A Terceira Viagem representa o Batismo do Fogo e realiza-se no entanto com mais facilidade que os precedentes, pois desaparecidos os obstáculos e ruídos, só se ouve uma música profunda e harmoniosa.
Dominando e purificando a parte negativa de sua natureza causadora de dificuldades, familiariza-se o iniciado com a energia do fogo, quer dizer, chega a ser consciente do Poder Infinito do Espírito que se acha em si mesmo. É a descida do Espírito Santo em línguas de Jogo, que depura todo traço de erros que dominavam a alma.
É a prática do fogo nas antigas iniciações, o elemento mais sutil, de que nascem todas as coisas e em que todas se dissolvem. E o domínio do mundo do Espírito de vida, cujas fronteiras tocam o mundo Divino.
A descida do Espírito sobre o iniciado com seu fogo, faz desaparecer as trevas dos sentidos e com ela toda a dúvida e vacilação, dando-lhe essa Serenidade Imperturbável em que a alma descansa para sempre ao abrigo de todas as influências tempestades e lutas externas.
Esse fogo é a essência do Amor infinito, impessoal, livre de todo desejo, impulso pessoal que dá poder ao Iniciado de operar milagres porque nele se converte em Fé Iluminada e em força ilimitada por haver ele vingado todos os limites da ilusão.
Ir\ Gabriel Campos de Oliveira